Puerto Escondido e momentos tensos no México
Se existia um lugar que eu queria conhecer quando pensava no México, esse lugar era Puerto Escondido. Desde que comecei a surfar lá por volta do final dos anos 90, Puerto Escondido é e sempre foi um dos lugares mais procurados para surfar do mundo. Conhecida como a Pipeline Mexicana em menção a famosa onda Pipeline no Hawaii, recebia por quase todo o ano boas ondas….
Quer visual melhor do que este para chegar em algum lugar?
Na hora certa, no lugar certo!
Chegamos a tempo de ver um lindo pôr-do-sol, com a estrela maior descendo delicadamente no oceano, espalhando uma explosão de cores quentes pelo céu. Na areia os turistas observavam hipnotizados e nós éramos alguns deles. Tínhamos o endereço de um camping, mas o GPS nos fez dar uma volta gigante e nesse momento parece que a sorte estava com a gente, entrei em uma rua errada e acabei tendo que pedir informação para uma mulher em frente a um pequeno hotel.
Poucas palavras mais tarde ela já sabia da viagem e falou: Eu e meu marido já fizemos diversas viagens de carro pelo mundo, sabemos como é difícil ficar tanto tempo na estrada, portanto se vocês quiserem podem ficar no quintal aqui do hotel e usar toda estrutura por 20 dólares! Claro que queremos, ótimo! Rapidamente paramos o carro e começamos a conversar sobre viagem, eles são suíços e moram no México há quatro anos.
Depois de ouvir nossa história, abaixaram o preço para 10 dólares para nos ajudar.
Foram mais de duas horas de conversa falando sobre viagem, África, dormir no carro e todos assuntos inerentes a viver viajando… A empatia foi imediata!
A empatia com Puerto Escondido foi imediata
Praia linda, boa comida, calor e ainda “acampando” em um hotel. Cozinha completa, internet rápida, uma excelente piscina a menos de três metros do carro e tudo isso por meros 10 dólares! Agora fica fácil saber por que ficamos uma semana por lá! Nossos primeiros dias foram bem tranquilos, sem muito compromisso em fazer muita coisa. Fomos ver o pôr-do-sol todos os dias, andar pela praia, curtir a piscina e atualizar muitas coisas no nosso site. A praia de Zicatela é bem interessante e apesar das ondas terem decepcionados.
Fomos andar pela praia todos os dias, ver o pôr-do-sol, tomar sorvete, coisas bem leve na região mesmo.
Ouvimos que Puerto Escondido tem um mercado central bem bacana e como estamos gerando conteúdo para o Viagem e Comida fomos lá conhecer. Fica a menos de dez minutos de Zicatela e o táxi sai por menos de dois dólares. O lugar é muito parecido com qualquer outro mercado central que você já possa ter visitado. O destaque fica pelo “chapolin frito” que provamos, ou em português “grilo frito”, isso mesmo!
Ele é feito de dois modos, ou no alho ou no limão os dois com muita pimenta. Provamos o com alho, que mais parece uma casca de camarão frita com alho. Você mastiga, ela quebra, mas fica um monte de pedaços na boca, longe de ser gostoso ou agradável! Voltamos a pé do centro até nosso camping/hotel, passando pelo canto direito da praia onde ficam os barcos e a maioria dos turistas.
Para nós que gostamos de fugir do burburinho, somente passar por ali foi o suficiente para não voltar!
Aproveitando os dias de um jeito bem tranquilo
O nosso negócio mesmo durante esses dias foi aproveitar a beira da piscina, a cozinha cheia de utensílios e um ótimo fogão. No nosso último dia por lá ainda conseguimos marcar uma entrevista com um renomado chef da região, passamos uma agradável tarde batendo um papo com ele. Sabendo como ele havia chegado ali, sobre suas influencias e claro, apreciando excelentes pratos!
Foi uma tarde muito bacana ao lado do Rafael do restaurante Portus. Não somente pela comida, mas por fazer uma nova amizade, um cara simples, de boa energia e que preza pela excelência em tudo que faz. Saímos de lá felizes pelo encontro.
Rumo ao Norte, sentido Estados Unidos!
Depois de passar uma semana em Puerto Escondido curtindo a piscina do hotel que acampamos no quintal, caímos na estrada e tocamos para o norte. Sem ter um lugar muito claro por alguns dias, tínhamos somente a missão de chegar em Mazatlan. Em uma terça ou quinta-feira, porque ali pegaríamos uma balsa de 16 horas até a cidade de La Paz na Baja California.
Mas antes teríamos algo como 600km para dirigir passando pela cidade de Acapulco e Costa Michoacan.
Chegamos em Acapulco ainda de dia, achamos nosso camping próximo da praia: praticamente uma colônia de canadenses que mal falavam espanhol. Deixavam seus trailers ali o ano todo e vinham fugir do frio de seu país e muitos residiam ali em tempo integral! Sem muito o que fazer no camping fomos até um cinema que havíamos visto no caminho. Vimos “Escândalo Americano”, que é um excelente filme e chegamos no camping já na hora de dormir.
Na manhã seguinte sairíamos cedo.
Caímos na estrada cedo e a coisa mais assustadora aconteceu…
Nosso destino agora era ir até onde o dia deixasse. Tínhamos um camping em nosso livro algo como 350km ao norte, sempre respeitando nossa regra de não dirigir a noite. Nessa região não é fácil fazer uma média maior que 80km por hora, ela fica mais próxima de 50km/hr por aí. Chegamos no camping que tínhamos marcado por volta das 16hrs, porém ele não existia mais. A placa na estrada ainda estava lá, porem a saída da estrada levava a lugar nenhum. Não tivemos muita escolha a não ser dirigir mais para o norte já com a noite caindo.
Encontramos um posto militar e pedimos informação sobre a próxima cidade e a segurança na estrada, foram claros: meia hora para frente tem uma cidade e por aqui está tudo tranquilo.
Dirigimos até San Pedro de Alima, uma cidade praticamente inexistente no mapa. O que não sabíamos era que na manhã seguinte vivenciaríamos a situação mais perigosa da viagem, até então. Saímos cedo, caímos na estrada e ao fazer uma curva vimos uma faixa sobre a pista, “Policia comunitaria – Alto”.
Estávamos em Michoacan, o estado com maior problema de cartel de drogas no México todo, logo imaginamos que era o cartel e que seríamos roubados ou até sequestrados.
Foram momentos muito tensos
Reduzi a velocidade para aquele grupo de sete a dez pessoas, quando me aproximei deles quase parando, voltei a acelerar lentamente. Dando a entender que não iria parar, o rapaz no meio da rua repetiu: alto, alto! Eu olhei pra ele fui indo, até que vejo uma pistola apontada para o carro pelo retrovisor. Acho que foi para o pneu e ele gritava:
Alto senão eu vou atirar!
Na hora eu parei, falei para a Chel, “ele tem uma arma”. Ele veio gritando em inglês – “não seja estúpido, não seja estúpido” – a última coisa que eu queria que ele pensasse era que eu era Americano. Já fingi: “No english, no english, español es mejor” – ele falou da onde eu era? E eu falei Brasil e que eu não entendi que “alto” significava “parar.” Ele falou que era polícia comunitária em busca de drogas e armas e que eles revistavam todos os carros.
Eu argumentei, tremendo, que era viajante, que tinha vindo do Brasil e que não tinha nada.
Ele me mandou embora e falou para eu parar quando mandarem parar.
Saímos do episódio tremendo de nervoso…
Encontramos uma base militar 5 minutos a frente, paramos para falar o que vimos, etc e eles nos disseram que é normal isso. E para pararmos normalmente da próxima vez. Enfim, passamos o dia inteiro meio abalados! Chegamos em Sayulita no final do dia e rapidamente encontramos um camping na beira da praia, ficamos por ali dois dias.
Um lugar muito interessante, cheio de americanos fugindo do inverno, curtindo a praia e os restaurantes, tudo bem legal. Agora era se preparar para dirigir até Mazatlan, nossa próxima parada e de lá embarcar para a Baja California.
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